Apresentador passou por dois procedimentos em dois dias; dados reforçam drama de milhares na fila por rim e fígado
Nesta semana, o apresentador Fausto Silva, o Faustão, voltou ao centro das atenções após enfrentar dois transplantes em um intervalo de apenas 24 horas. Na quarta-feira (6), ele recebeu um novo fígado. No dia seguinte, foi submetido a um retransplante de rim — procedimento planejado desde 2024, após falhas no primeiro órgão transplantado.
Apesar de sua condição ser acompanhada por médicos há meses, o caso de Faustão jogou luz sobre uma dura realidade que afeta milhares de brasileiros: atualmente, mais de 43 mil pessoas esperam por um rim e cerca de 2.300 aguardam um fígado, de acordo com o último balanço do Ministério da Saúde.
O drama da fila por um rim
O rim lidera o ranking de órgãos mais procurados no Brasil para transplante. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), a maior parte dos pacientes que aguardam por esse tipo de cirurgia é composta por pessoas com doença renal crônica em estágio avançado, que dependem da diálise enquanto esperam pelo procedimento.
“Mesmo com campanhas de conscientização, o número de doações ainda está longe do necessário para atender à demanda. E o caso do retransplante, como no de Faustão, reforça o quanto a compatibilidade e a longevidade do órgão são fatores cruciais”, explica a nefrologista Renata Gomes.
Fígado: segunda maior fila de espera
Com aproximadamente 2.300 pacientes cadastrados, a fila do transplante de fígado também é preocupante. Esse tipo de procedimento costuma ser mais urgente, pois muitas das doenças hepáticas avançam rapidamente e podem levar à morte em poucos meses.
No caso de Faustão, a cirurgia foi necessária para tratar complicações hepáticas surgidas após o primeiro transplante renal. Apesar da fila menor que a do rim, a espera por um fígado é uma corrida contra o tempo.
Retransplantes: prioridade e complexidade
Pacientes que já passaram por um transplante e precisam de um novo órgão ganham prioridade na fila, como foi o caso do apresentador. No entanto, o retransplante também traz desafios médicos adicionais, como maior risco de rejeição e necessidade de imunossupressão mais intensa.
“Retransplantes são sempre mais complexos. Mas eles mostram que, com acompanhamento rigoroso, é possível dar uma nova chance de vida ao paciente”, destaca o hepatologista André Vieira.
Doação de órgãos: gesto que salva vidas
O caso de Faustão tem mobilizado as redes sociais e reacendido o debate sobre a importância da doação de órgãos no país. No Brasil, a autorização da família ainda é essencial para que a doação aconteça, mesmo que o doador tenha expressado o desejo em vida.
“O maior obstáculo ainda é a recusa familiar. Muitas vezes por falta de informação ou desconhecimento da vontade do ente querido”, ressalta a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, Juliana Tavares.
Conclusão
Enquanto Faustão se recupera dos dois transplantes, milhares de brasileiros seguem aguardando a mesma oportunidade. O drama silencioso da fila de espera por órgãos é real, diário e depende, em grande parte, de um gesto de solidariedade.
Informar-se e comunicar à família o desejo de ser doador pode mudar destinos — e salvar vidas.
Fonte: Terra
