Brasília — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara um pronunciamento em rede nacional nesta quinta-feira (17) para tratar das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O discurso, que será transmitido em rádio e televisão, marca a reação oficial do governo brasileiro ao chamado “tarifaço” anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
Nos bastidores do Palácio do Planalto, o gesto é visto como uma tentativa de reafirmar a postura do Brasil diante do cenário internacional. Lula deve reforçar que o país está aberto ao diálogo sobre tarifas comerciais, mas não aceitará imposições unilaterais nem interferência em suas decisões internas. O governo já sinalizou que pode acionar a Lei da Reciprocidade Econômica e, se necessário, levar a questão para a Organização Mundial do Comércio (OMC).
O movimento de Lula complementa a série de manifestações públicas feitas nos últimos dias por integrantes do governo e pelas redes oficiais da Presidência, sempre em tom de defesa da soberania nacional e de críticas à política comercial adotada por Trump.

Carta ao governo americano aumenta pressão diplomática
O pronunciamento vem na esteira do envio de uma carta formal ao governo dos Estados Unidos, assinada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira. No texto, o Brasil expressa “indignação” com a tarifa de 50% aplicada sobre produtos brasileiros e cobra explicações do governo norte-americano.
Além de sinalizar abertura para o diálogo, a carta lembra que, historicamente, os Estados Unidos mantêm um superávit comercial sobre o Brasil — o que desmente a alegação americana de prejuízo nas trocas comerciais.
Críticas veladas e defesa nas redes
Enquanto a tensão diplomática aumenta, a reação nas redes sociais não tem passado despercebida. O próprio perfil oficial do governo Lula publicou mensagens em tom irônico, defendendo o Brasil e criticando o que chamou de “narrativas equivocadas” de Trump.
Uma das postagens, que viralizou nesta quarta-feira (16), traz a frase “O PIX é nosso, my friend”, uma alfinetada na investigação aberta pelos Estados Unidos contra o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos — medida que, segundo autoridades americanas, poderia representar “concorrência desleal” com empresas financeiras dos EUA.
O contexto ainda envolve críticas veladas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mencionado indiretamente nas cartas e discursos por sua relação com Trump e sua condição de réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
O pronunciamento de Lula nesta quinta-feira é aguardado como um sinal de que o governo brasileiro pretende adotar uma postura mais assertiva frente às medidas comerciais americanas, em um momento de crescente disputa geopolítica e econômica.
Fonte: G1