Tarcísio diz que não vai esperar Lula para resolver Favela do Moinho

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Pagamento de subsídios de moradias para famílias da Favela do Moinho se tornou uma disputa política entre Tarcísio de Freitas e Lula

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), alfinetou a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que não pretende esperar o governo federal para oferecer habitação para os moradores da Favela do Moinho.

“Com todo respeito, nós não vamos esperar o governo federal para fazer isso. Se o governo federal quiser ajudar, ótimo. Se não quiser ajudar, nós vamos fazer sozinhos. Porque nós temos condição de fazer isso”, disse Tarcísio de Freitas (Republicanos) nesta terça (19) durante a convenção Secovi.

Após anos de impasse, os governos federal e estadual de São Paulo chegaram a um acordo, em maio deste ano, para resolver a situação das famílias que vivem na favela do centro da capital. O acerto prevê a doação do terreno, que pertence à União, ao governo do estado para a construção de um parque. Para isso, as gestões irão dividir o custo de moradias no valor de R$ 250 mil para que cada família possa se mudar.

O pagamento dessas casas, contudo, acirrou uma disputa de narrativas entre Tarcísio e Lula. O Metrópoles mostrou que a gestão Lula tem dito que o subsídio integral às moradias só será possível por causa da costura feita pelo governo federal. Já a gestão paulista vem criticando uma suposta demora e burocracia do governo federal em liberar a verba para o programa, e diz que tem dado continuidade à remoção das famílias do local sem ajuda externa.

Como é o projeto acordado pelo governo federal

  • Cada família poderá adquirir um imóvel de até R$ 250 mil. Parte deste valor, até R$ 180,5 mil, será subsidiada pelo governo federal e R$ 70 mil pelo governo estadual.
  • Os moradores podem optar por imóveis novos ou usados, em qualquer cidade do estado de São Paulo. O pagamento é feito diretamente ao vendedor do imóvel.
  • Famílias que optarem por imóveis em construção terão direito a auxílio-moradia de até R$ 1.200 por mês durante o período de transição: R$ 800 custeados pelo Casa Paulista, do governo Tarcísio, e R$ 400 pela Prefeitura de São Paulo.
  • Têm direito ao programa moradores residentes na Favela do Moinho até 2 de novembro de 2024 e com renda bruta familiar mensal de até R$ 4.700.
  • Não podem participar pessoas que já têm outro imóvel, que já receberam benefícios similares nos últimos 10 anos e que têm restrição no Cadin – o cadastro de pessoas em débito com órgãos e entidades federais.
  • Segundo a União, famílias com pendências têm 60 dias para regularização. As já elegíveis dispõem de 12 meses para indicar o imóvel que desejam.
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Acirramento da briga política

A disputa política sobre quem deixará sua marca como o responsável por uma solução definitiva para a Favela do Moinho, instalada há décadas entre os trilhos de duas linhas de trem, ficou ainda mais visível nos últimos dois dias.

Na última sexta-feira (15/8), Lula publicou um vídeo nas redes sociais ao lado do ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), anunciando que a Caixa Econômica Federal divulgaria a lista com as primeiras famílias da favela a serem contempladas pelo Minha Casa, Minha Vida.

“Vocês estão lembrados que o governador queria dar só R$ 800 para vocês saírem da Favela do Moinho? O governo federal foi lá, com nossa ministra Esther, nosso ministro Jader, e exigiu que o governo do estado melhorasse a proposta e que as pessoas só iam sair quando tivessem condições de sair, procurar suas casas, alugar suas casas”

Na sequência, o ministro Jader Filho fala que a lista com as 453 primeiras famílias que iriam receber recursos do governo federal seria publicada naquele mesmo dia

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“Nós fizemos isso, presidente, em tempo recorde, nós estamos atendendo mais de 50% de todas as famílias da Favela do Moinho e daqui a pouquinho vamos chegar na totalidade.”

Não demorou para que viesse uma resposta do executivo estadual, que tem criticado o tempo levado pela gestão Lula para liberar a verba do programa.

No sábado (16/8), o governo Tarcísio divulgou uma nota em que diz que já retirou 479 famílias do Moinho neste ano utilizando recursos próprios. “Todos os custos até o momento são arcados pelo estado, que mantém o compromisso assumido, em maio, de garantir atendimento gratuito às famílias do Moinho”, diz o texto.

“A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação aguarda a entrada da Caixa Econômica Federal na operação. Até lá, continuará arcando com todos os custos necessários para honrar o compromisso com as famílias. O acerto de contas deverá ser feito tão logo o governo federal consiga vencer seus trâmites burocráticos, sem que sejam lesadas as famílias que precisam de apoio do Poder Público”, afirma, ainda, a nota.

Ao Metrópoles, o Ministério das Cidades disse que já estava pactuado entre o governo federal e o do estado que o ressarcimento federal no caso da escolha de imóveis da CDHU seria realizado ao final da obra. “O que falta é apenas a formalização de aditivo contratual entre CDHU e Caixa, sem prejuízo ao acordo nem ao atendimento das famílias”, explica a nota.

Fonte: Valentina MoreiraJessica Bernardo