A operação da Polícia Federal deflagrada nesta sexta-feira (18), que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), consolidou a decisão de seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), de permanecer fora do Brasil.
Eduardo está nos Estados Unidos desde março deste ano, quando se afastou oficialmente da Câmara dos Deputados para tratar de “interesses particulares”. A licença de mais de 120 dias vence neste domingo (20), mas, segundo aliados próximos da família, o deputado decidiu que não retornará.
“Ele não volta. Se voltar, vai ser preso”, afirmou Jair Bolsonaro após a operação da PF, que incluiu buscas na residência e no escritório político do ex-presidente em Brasília.
Antes mesmo da ação policial, Eduardo já indicava a aliados a possibilidade de não reassumir o mandato, considerando o clima político e as investigações que envolvem seu núcleo familiar. A operação desta sexta, segundo interlocutores, teria selado sua decisão.
Futuro incerto e pressão jurídica
A permanência de Eduardo nos Estados Unidos abre questionamentos sobre o futuro político do deputado e do clã Bolsonaro. Nos bastidores, fala-se em um possível pedido de renúncia formal ao mandato ou em uma nova licença — mas ambos os cenários são vistos como estratégias para evitar um eventual mandado de prisão ao pisar em solo brasileiro.
Fontes próximas à defesa da família afirmam que Eduardo teme ser incluído em futuras fases das investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal, especialmente após a determinação de medidas restritivas contra seu pai, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e proibição de contato com o próprio Eduardo.
Silêncio oficial
Até o momento, Eduardo Bolsonaro não se pronunciou publicamente sobre a operação nem sobre seus planos. A expectativa no meio político é que ele mantenha o silêncio, apostando no desgaste das investigações e na proteção diplomática oferecida pela estadia prolongada em solo americano.
O Partido Liberal também não comentou oficialmente a situação do deputado. Nos bastidores, aliados da legenda admitem preocupação com o impacto político das ausências prolongadas e do cerco judicial sobre a família Bolsonaro.
Possíveis desdobramentos
A situação de Eduardo Bolsonaro reforça o ambiente de incertezas em torno do futuro do bolsonarismo. Analistas políticos apontam que o afastamento do deputado pode enfraquecer a base bolsonarista na Câmara e complicar os planos do grupo para as eleições municipais de 2026.
Com o cerco jurídico se fechando, a distância física e política entre Brasília e a família Bolsonaro parece, por ora, definitiva.
Fonte: Metrópoles
