Lula reage em rede nacional e condena tarifaço de Trump: “Chantagem inaceitável”

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Brasília — Em um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na noite desta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um duro discurso contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Em tom firme, Lula classificou como “chantagem inaceitável” a carta enviada pelo presidente americano, Donald Trump, na qual anunciou a sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras.

A fala, com duração de quase cinco minutos, foi marcada pela defesa da soberania nacional, do sistema judiciário brasileiro e do Pix — alvo recente de críticas e investigação por parte do governo norte-americano.

“Não aceitaremos ameaças, muito menos tentativas de interferência nas decisões internas do nosso país”, declarou o presidente.

Acusações e soberania

Lula revelou que o governo brasileiro tentou negociar, sem sucesso, com Washington. Segundo ele, mais de dez reuniões foram realizadas e, em maio, o Brasil enviou uma proposta formal de diálogo, ignorada pelos americanos. O presidente também ressaltou que os EUA acumulam um superávit comercial de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos.

Sobre as acusações feitas por Trump — que justificou as tarifas alegando supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão e às eleições livres —, Lula disse que são “absurdas e sem provas”. Ele reforçou que o Brasil possui um Judiciário independente e criticou duramente qualquer tentativa de ingerência externa.

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“Respeitamos o devido processo legal. Aqui não cabe intimidação. Aqui não cabe chantagem”, afirmou.

Recado aos “traidores”

Sem citar nomes, Lula também criticou políticos brasileiros que apoiaram as ações do governo americano. Chamou-os de “traidores da pátria” e acusou-os de trabalhar contra os interesses nacionais.

“Esses que comemoram o prejuízo ao Brasil apostam no quanto pior, melhor. Mas o nosso compromisso é com o povo brasileiro”, disse.

Defesa do Pix e retaliação comercial

O Pix, sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, entrou no centro do embate após o Escritório do Representante de Comércio dos EUA anunciar investigação sobre supostas práticas desleais ligadas ao setor de pagamentos digitais. Lula foi categórico:

“O Pix é um patrimônio do Brasil. Não aceitaremos ataques a esse sistema que serve ao povo brasileiro.”

Lula também lembrou que assinou o decreto que regulamenta a “Lei da Reciprocidade”, autorizando o Brasil a adotar medidas comerciais contra produtos americanos.

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Clima tenso entre os líderes

A tensão se intensificou após Trump publicar, em sua rede Truth Social, a carta endereçada a Lula com o anúncio das tarifas — atitude considerada desrespeitosa pelo presidente brasileiro. Lula revelou que, a princípio, pensou se tratar de “fake news”.

“O presidente Trump precisa lembrar que foi eleito para governar os Estados Unidos, não para ser imperador do mundo”, disse Lula à CNN Internacional.

Em resposta, a Casa Branca afirmou que Trump “não está tentando ser imperador”, mas sim “o líder do mundo livre”, mantendo o tom firme da relação.

Implicações econômicas

O tarifaço preocupa setores exportadores, especialmente em estados como Santa Catarina, onde os EUA representam 14% das vendas externas. As medidas podem impactar cadeias produtivas e gerar efeitos no câmbio e no comércio bilateral.

O que esperar?

Com a retaliação aprovada pelo governo brasileiro e o clima diplomático tenso, analistas avaliam que o Brasil e os Estados Unidos podem entrar em um ciclo de guerra comercial inédito entre as nações.

O governo americano, até o momento, não respondeu oficialmente ao pronunciamento de Lula.

Fonte: nsctotal

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